domingo, 7 de fevereiro de 2016

Resenha : O Discurso “Faça Boa Arte”

O Discurso “Faça Boa Arte” - Neil Gaiman
Ano: 2014 / Páginas: 80
Editora: Intrínseca

    Façam boa arte. Esse foi um pedido sincero de ninguém menos que Neil Gaiman quando discursou para a turma de 2012 da University of the Arts na Filadélfia. Um discurso autêntico e repleto de significado – durante os 19 minutos em que falou, dois dos mais emblemáticos conselhos de Gaiman foram “criem suas próprias regras” e “cometam erros”. Os conceitos libertadores defendidos para os alunos deram origem ao livro.
   Gaiman teve a colaboração crucial do renomado designer gráfico Chip Kidd. A dupla abusa dos recursos gráficos e da metalinguagem para expressar o poder da criatividade. Gaiman alega que em qualquer área artística e de criação mesmo os erros que cometemos têm um grande potencial: com sensibilidade e muito trabalho, podem se transformar em brilhantes insights. Em relato pessoal, ele explica que certa vez, escrevendo Caroline em uma carta, inverteu de lugar o A e o O, e logo percebeu que Coraline parecia um nome de verdade. Um erro banal que, nas mãos do autor, tornou-se um fantástico acerto. Coraline é o título de um conto de fadas às avessas, publicado por Gaiman em 2002 e, mais tarde, adaptado para os cinemas. Uma história que conquistou milhares de novos admiradores para o trabalho do já aclamado autor.


   Como já foi dito, este livro é um discurso que foi proferido por ninguém menos do que Neil Gaiman. Só isso já é motivo suficiente para ser lido por qualquer pessoa, mas principalmente por artistas, escritores, jornalistas, designers e professores.
   “O primeiro de todos: quando você começa em uma carreira nas artes você não tem ideia do que está fazendo.
   Isso é ótimo. As pessoas que sabem o que estão fazendo conhecem as regras, e sabem o que é possível e o que é impossível. Vocês não. E vocês não devem. As regras sobre o que é possível e impossível nas artes foram feitas por pessoas que não tinham testado os limites do possível indo além deles. E vocês podem.
   Se vocês não sabem que é impossível é mais fácil fazer. E porque ninguém fez antes, não inventaram regras para evitar que alguém faça de novo, ainda.”
   Claro, que como é um discurso, é curto! Mas é incrível e recomendo muito a leitura. Infelizmente, o livro teve “a colaboração crucial do renomado designer gráfico Chip Kidd”, que transformou o discurso em uma obra gráfica e, com isso, prejudicou um pouco a leitura. Eu, que sou míope, achei terrivelmente difícil a leitura de letrinhas miúdas, coloridas com tons claros, sobrepostas e todas as outras inovações... Se a intenção era apenas “aumentar a quantidade de páginas”, porque não aumentar a letra, escurecer, usar outra fonte, sei lá! Mesmo assim, a leitura nos proporciona incríveis reflexões, conselhos maravilhosos e uma lição de vida de alguém que não fez faculdade, mas que dá um banho em muito doutor! Alguém que não tem medo de arriscar e de fazer o que gosta e o que sonhou, e principalmente, não tem medo de errar.
   “E agora vão, e cometam erros interessantes, cometam erros maravilhosos, façam erros gloriosos e fantásticos. Quebrem regras. Façam do mundo um lugar mais interessante por vocês estarem aqui. Façam boa arte.”
   Neil Gaiman, 17 de maio de 2012. 
   Por Valéria Riet

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